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A Pandemia pode ter passado, mas, onde você estiver, não se esqueça de mim.

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sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Lâmpada


              Um dia desses, estava ouvindo no rádio que o navegador Amyr Klink, notável por suas jornadas náuticas um tanto ousadas, ao proferir uma palestra, foi indagado: "Por que você não costuma usar motores em seus barcos?", ao que ele respondeu mais ou menos assim: "Aquilo que a gente não tem geralmente não se quebra". Essa resposta foi genial. Então decidi: "Tenho que ler pelo menos um livro desse cara".


              Naquela altura, já sabia que Amyr Klink publicara alguns livros contando suas experiências marítimas, mas o único livro dele cujo título já conhecia foi Cem dias entre céu e mar, e foi o primeiro, portanto, pelo qual iniciei minha jornada literária. Este livro conta a história de um desafio lançado pelo autor a si mesmo: atravessar o Oceano Atlântico, entre o sudoeste da África e o litoral brasileiro, sozinho, a bordo de uma pequena embarcação à remo, que o próprio navegador apelidou de "Lâmpada Flutuante", desde os preparativos, que custaram alguns anos de estudos de cartas náuticas, de conversas com navegadores mais experientes e que enfrentaram situações parecidas, de obtenção de patrocínios para o projeto da embarcação e para toda a empreitada, de enfrentamento aos entraves burocráticos para desembarcar com sua "lâmpada" e todas as provisões necessárias acondicionados em um contêiner na África e se deslocar por alguns países daquele continente com seu contêiner e de enfrentamento ao ceticismo de muitos, até a realização da viagem, que transcorreu entre junho e setembro de 1984. Quiçá a embarcação faça jus ao codinome "Lâmpada Flutuante", por ter sido a pioneira em uma viagem naquelas circunstâncias, iluminando e abrindo caminhos para quem passasse depois.


              Esse livro me fez recordar a história de uns jangadeiros valentes do Ceará que viajaram por mar, em uma jangada, de Fortaleza até o Rio de Janeiro, na década de 1940, cujo objetivo era falar com o Presidente da República na época, que era ninguém menos que Getúlio Vargas. A saga deles foi posteriormente reproduzida para o cinema pelas lentes do cineasta americano Orson Welles, em seu documentário inacabado It's all true. À semelhança de Amyr Klink, aqueles jangadeiros também foram muito ousados, mas, neste caso, eles tinham uma causa social e política definida.


              Recordei-me também de "Dragão do Mar", codinome de um barqueiro chamado Francisco José do Nascimento, que, no século XIX, trabalhava como prático, ou seja, como auxiliar nos procedimentos de atracagem dos navios, no cais do porto de Fortaleza. Ele notabilizou-se porque, juntamente com seus companheiros de trabalho que também eram abolicionistas, num determinado momento, fechou o porto, impedindo o embarque de escravos em navios a fim de serem comercializados em outras províncias. Isto também contribuiu para que, em 1884, o Ceará fosse a primeira província brasileira a abolir a escravidão.


              Lembrei-me também dos meus tios maternos, que trabalham com conserto de barcos à motor e que têm alguma experiência em navegações fluviais e marítimas. Ainda não tive oportunidade de conversar com eles, para saber se eles conhecem as obras de Amyr Klink e se teriam alguma coragem de fazer as mesmas viagens que ele fez.


              Voltando ao livro Cem dias entre céu e mar, estou dedicando esta postagem à ele que me marcou, porque vejo aquela travessia do oceano como se fosse uma metáfora da minha vida atual. Imagine-se em alto mar, dentro daquela pequena embarcação sozinho(a) e cercado(a) apenas por água para todos os lados. Você nunca se sentiu tão pequeno(a) e tão tenso(a) diante do mundo e do tempo. No momento, está tudo calmo, mas você sente que, a qualquer momento, o mar pode se revoltar e engolir você como alguém que engole um comprimido. E você se sente ameaçado(a), mas não tem para onde fugir. Ou melhor, tem, mas a única maneira de fugir é remando e deixando as águas para trás até encontrar terra firme. Quanto mais você rema, mais você se cansa. Os ventos e as correntes marítimas nem sempre ajudam, mas você consegue avançar muitas milhas marítimas. Mesmo assim, tem a sensação de que o esforço está sendo inútil. Por mais que tenha deixado muita água para trás, ainda não se vê terra firme e sempre acha que ainda há uma grande distância pela frente e que há muito trabalho ainda a ser feito. Por um lado é bom remar depressa e chegar depressa ao destino. Por outro lado, é ruim porque, à medida que o tempo corre e o espaço encurta, aumenta a tensão, por conta das cobranças internas e externas, porque é preciso pensar nos preparativos para a chegada, que é um momento sujeito às adversidades. Não basta chegar. É preciso saber chegar. É preciso estar pronto para chegar.


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