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segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Os mandachuvas 2



                 Como você já deve saber, o ex-governador do Ceará foi nomeado para o Ministério da Educação, no começo desta "nova" gestão federal, há cerca de um mês e meio. Quiçá a sua indicação tenha sido emulada, entre outros motivos, por conta de os serviços de educação prestados pelo município de Sobral, que é controlado pela mesma facção política, há quase duas décadas, terem se destacado nacionalmente, como se esse destaque fosse mérito da patota situacionista, e passando a impressão de que a educação pública básica de Sobral é uma das melhores do país, varrendo-se para baixo do tapete as más remunerações dos professores de lá.


                 Teria também pesado em favor do ex-governador o fato de ele ter apoiado a reeleição da presidenta, mesmo sem necessariamente compartilhar dos projetos políticos aparentes da campanha dela. Isso você compreenderá logo mais.

                 Contraditoriamente, aquele ex-governador foi nomeado ministro da educação, apesar de ter sido um dos cinco governadores que recorreu à Justiça contra o estabelecimento de um piso salarial nacional para os professores, em 2008, e de ter supostamente declarado que professor deve "trabalhar por amor", durante uma greve deflagrada nas universidades estaduais cearenses, em 2011. Na verdade, este começo de gestão federal é uma grande contradição, como foi dito.

                 Não obstante, parece que os últimos oito anos de administração estadual caíram nas graças do povo cearense, que, tocado pela mesma indiferença que toca a maioria dos brasileiros, pois aqui cada um só pensa no seu, como foi dito, escolheu um candidato situacionista para dar continuidade ao PROS(retro)cesso presente. Em outra oportunidade, faremos um balanço daquele período.
 

                 Mais conveniente teria sido se nosso ex-governador tivesse sido nomeado para a pasta da agricultura ou do meio ambiente. Ele parece ser muito bom, na gestão de recursos hídricos. Por onde ele passava ou tudo que ele tocava fazia água, assim como Moisés, que, com seu cajado, tocava na pedra do deserto e fazia minar água. Assim aconteceu com um museu na margem esquerda do rio Acarau, em Sobral, quando aquele rio encheu, há alguns anos, com a marquise do Hospital Regional da Zona Norte, que desabou após uma chuva, há dois anos, e, mais recentemente, com o Hospital Geral de Fortaleza alagado. Ele pelo menos deixou também as obras do Aquário bem encaminhadas para que seu sucessor dê continuidade.

                  Como foi dito, os "gurus" da oligarquia em cujas mãos se encontra o Ceará são verdadeiros agentes duplos da política. Nas eleições gerais de 2002, eles apoiaram o candidato oposicionista e de esquerda à Presidência da República, que conseguiu ser eleito naquela ocasião, pela primeira vez. Contraditória e concomitantemente, eles apoiaram o candidato situacionista e de direita ao governo estadual. Eles estavam aparentemente divididos entre duas vertentes políticas opostas, mas não tardaria até que eles fizessem a opção transitória e aparente por uma das inclinações políticas. Em suma, a "panelinha" política que está sobre a carne seca no Ceará não é legitimamente de esquerda e não trabalha em prol dos interesses populares, mas em prol dos próprios interesses. Ela está na esquerda liberal, enquanto lhe for conveniente. 
 
 
                  Enfim, se algum dos leitores de qualquer lugar do Brasil se sentir orgulhoso, bem representado e bem governado por nossos governantes, levante a mão, então.




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