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A Pandemia pode ter passado, mas, onde você estiver, não se esqueça de mim.

A Pandemia pode ter passado, mas, onde você estiver, não se esqueça de mim.
Eu também não me esquecerei de você, haja o que houver.

Falando em Pandemia, ela se foi, mas o Coronavírus continua entre nós, fazendo vítimas.

Falando em Pandemia, ela se foi, mas o Coronavírus continua entre nós, fazendo vítimas.
Por isso, continuemos nos cuidando.

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terça-feira, 10 de julho de 2012

Sobrasilia


 "O verdadeiro lugar de nascimento é aquele em que lançamos pela primeira vez um olhar inteligente sobre nós mesmos: (...)". 


Marguerite Yourcenar


                        Há alguns dias, estou parado, sem escrever algo e, quando fico sem produzir material para este espaço, a cabeça começa a pesar. Se eu passar um dia sem atualizar o blog, a cobrança vem basicamente de dentro. O meu Jardim das Garrafas Digitais é uma máquina que precisa ser mantida ligada dia após dia, senão ela enferruja e as flores murcham.

                        Pois bem, desde os tempos do Consciência Acadêmica, estou devendo mais ensaios sobre minha segunda terra natal, a "Princesa do Norte", que fez aniversário, na última quinta-feira, dia 05, com direito àquela festa de sempre, com apresentações de bandas consagradas e queima de fogos de artifício, no Bulevar do Arco do Triunfo, reunindo boa parte da população local. Mais uma vez, eu fiquei de fora, por motivo óbvio, porque estou exilado. Meu bem também não foi, porque nem eu nem ela temos mais idade nem ânimo suficiente para estar lá, no meio da galera, tampouco fazemos questão de ver espetáculo algum de camarote, ainda mais sendo show do Asa de Águia. Morar no Bulevar do Arco, para uns é status. Para outros, haveria mais dissabores do que deleites. Como diria o filósofo, deixe para lá.

                        Sobrasília ou Sobrália, como preferir, é a mistura de Sobral com Brasília. Eu vejo semelhanças entre as duas cidades. Como eu já devo ter dito aqui antes, ambas as cidades têm-se revelado novos pólos de atração de pessoas que buscam conciliar trabalho e qualidade de vida, além de terem algum valor turístico. Além disso, quando Brasília estava "engatinhando", ela era composta quase que exclusivamente de prédios das principais repartições públicas federais e, praticamente, só tinha vida de segunda à sexta-feira. A maioria dos habitantes não era autóctone, ou seja, não era nativa daquela região do Planalto Central, tampouco daquela cidade, obviamente, e trabalhava nas repartições. Eles trabalhavam nos dias úteis e, chegando os fins de semanas ou feriadões, eles se dispersavam, cada um para sua cidade de origem, especialmente o Rio de Janeiro, e Brasília ficava meio que "morta". Por isso que, atualmente, a maioria dos brasilienses tem sotaque parecido com o carioca, porque muitos dos primeiros habitantes do Plano Piloto eram cariocas. Enquanto isso, muitos nordestinos, que efetivamente construíram aquele lugar, foram condenados aos guetos das cidades-satélites. Inclusive, tenho parentes que fizeram parte daquele processo e também acabaram excluídos. Mais um motivo para que eu tenha vergonha de ter Brasília como capital do meu país.  

                        Pois bem, e Sobral com isso??? Sobral ainda passa por um fenômeno parecido com o que Brasília passava, outrora: Sobral é uma cidade universitária e que tem mais vida durante a semana. A maioria dos universitários que lá habitam são de outras cidades, inclusive de Fortaleza. Nos fins de semanas e feriadões, a debandada é quase que geral, e a cidade fica meio que parada, fora dos dias úteis. Nas férias, nem se fala. Por isso, as principais festas universitárias da cidade acontecem nas noites de quinta-feira. É a famosa "Quinta-feira sem lei". Essa situação vem sendo amenizada, de alguns anos para cá, graças às aberturas de novas instituições de ensino superior, consequentemente com aumento do número de estudantes universitários na cidade, além do notável aumento da presença de sobralenses preenchendo as vagas dos cursos de graduação e, até mesmo, de pós-graduação, e do notável aumento de interesse dos universitários "forasteiros" em passar mais tempo na cidade, aproveitando o que ela e seus arredores têm a oferecer. 


                        Sinto saudades dos dias em que, voltando das sessões de musculação, na academia que fica ao lado da faculdade, a AGIS, eu sentava na calçada da frente desse prédio da foto acima e me punha a pensar na vida. Eu morava à dois quarteirões dali. Então, a minha faculdade também, por ter sido uma obra prima de arte arquitetônica bem planejada e recém egressa dos coeiros, lembra Brasília em seus primórdios. Como a maioria dos alunos e parte dos funcionários eram de Fortaleza, nas tardes de sexta-feira, a corrida para a rodoviária era quase que geral. Muitos dos professores também eram de Fortaleza, mas eles eram foram mais inteligentes. Eles não estavam lá apenas para trabalhar. A maioria deles fixou residência em Sobral, levando consigo suas famílias. Eles não eram, aparentemente, bandeirantes como muitos de nós.

                        Tenho visto alunos da faculdade escrevendo nas redes sociais que estão contando o tempo que falta para se formarem e deixarem Sobral. Bem, eu respeito a opinião de cada um. E eu sou suspeito para falar, porque eu também contava o tempo para o fim do curso, mas só para o fim do curso, porque eu pretendia ficar na região. Com o tempo, a gente acaba se arrependendo, porque, quando eu terminei a faculdade, eu fiquei meio que no vácuo, me perguntando: "Acabou mesmo? E agora? O que vou fazer?". Mais adiante, a gente acaba sentindo falta daquele tempo que passou lá. A gente chega à conclusão que seis anos foi pouco e que ainda não foi bem aproveitado como gostaríamos que tivesse sido. Isso é interessante para alguém como eu, que vive com aquela velha sensação de estar esquecendo algo lá atrás. Então, meu conselho para aqueles que estão ingressando numa faculdade de qualquer área: aproveite ao máximo tudo o que a faculdade tem a oferecer, porque aqueles anos de curso ainda vão lhes fazer falta. Eu gostaria de ter aproveitado melhor minha faculdade, mas o tempo escorreu entre meus dedos e eu não soube saboreá-lo com sabedoria. Considero meu desempenho acadêmico medíocre. Na faculdade, admito que estudei menos do que estudava no colégio. Deve ter sido por falta de organização para aproveitar melhor o tempo e por acomodação e aceitação da situação. Deve ser por isso e por outras razões que eu sempre carrego aquela sensação de estar esquecendo algo. Depois eu quero conversar mais sobre isso.

                        Permita-me explicar aquela história de bandeirantes, da qual falei, ainda pouco. Certa vez, em uma palestra, nosso coordenador disse que, na colonização do Brasil, bem como das Américas, havia os colonos que vieram para se fixar, criar raízes e trabalhar para desenvolver as colônias, e havia também os bandeirantes, que vieram apenas para explorar e ir embora. Ele fez uma analogia, comparando os bandeirantes àqueles alunos que pretendiam partir, depois de formados, e os colonos, aos que pretendiam ficar. Eu sei que não devo satisfações à terceiros por conta disso, mas Deus sabe que, no fundo de meu coração, eu não sou um bandeirante. Eu criei vínculos muito fortes com Sobral. Eu me vi obrigado a sair dela, temporária e estrategicamente, por razões profissionais e políticas, mas ela não sai de mim. Aqui, eu vivo num limbo, porque, fora de Sobral, não vejo salvação. E eu ainda acalento a esperança de retornar um dia, para ficar. Eu tive oportunidades de ir lá, algumas vezes, nos últimos dezoito meses de exílio. O que mais me deixou feliz foi perceber que a maioria das pessoas que eu encontrava, em meu cotidiano, me reconheceu, e que a maioria das coisas que eu deixei ainda está lá. Pouca coisa mudou.

                        Dentro do que mudou, podemos destacar que, finalmente, Sobral conquistou a sua primeira emissora de TV, a Nordestv. E o Hospital Regional da Zona Norte está cada vez mais perto de ser inaugurado, e já foi lançado o edital para concurso público de seleção do quadro de funcionários. Finalmente, a Policlínica de Sobral foi inaugurada, com o objetivo de otimizar o atendimento ambulatorial dos pacientes da região, em diversas especialidades médicas. Espero que psiquiatria esteja inclusa, que as pessoas que lá vão trabalhar sejam bem remuneradas e que o negócio dessa vez funcione.

                        Como se pode ver, a cidade progrediu, de maneira animadora. Por essas e outras, a Real e Distinta Vila Januária, como era chamada, no século XIX, tem sido uma das mais indicadas para se viver. É cada vez maior a vontade de voltar, e é possível que cada vez mais pessoas venham a convergir para lá. Isso pode ser bom ou mau. Depois conversamos mais sobre isso.

                        Quando eu estive lá, pela primeira vez, me surpreendi. Encontrei mais do que eu esperava. O que me despertou o interesse em ir para lá foi, além da relativa facilidade em passar no vestibular, o fato de minha mãe ter estudado e se formado lá, pelo curso de letras da Universidade Estadual do Vale do Acaraú, há mais de trinta anos. Depois eu quero conversar mais sobre como fui parar lá.


                        Eu amo Sobral, principalmente em dia de chuva. Respeito a opinião de cada um, mas há quem diga que Sobral é deprimente, naqueles dias. Eu não. Eu sinto cheiro de paz. Lá, quando chove, o verde da vegetação dos terrenos baldios fica mais verde, o verde bucólico dos campos em área urbanizada. Não vejo tanta graça em ver plantas crescendo em Fortaleza, como eu via lá.

                        Muita gente de fora reclama que Sobral, além de ser quente demais, com temperaturas de até 38°C na sombra, não tem isso, nem aquilo. Esse quadro está começando a melhorar um pouco, para aqueles que ainda pensam que Sobral fica no fim do mundo e que acham que lá não vão encontrar as mesmas coisas que encontram noutros lugares. Grandes empresas consagradas no fornecimento de produtos e serviços em diversos ramos, urbi et orbi, já estão instalando suas filiais naquelas terras. A despeito disso, acredito que a maioria da população sobralense não liga a mínima para o fato de ainda não ter ao seu alcance os famosos sanduíches do McDonalds, por exemplo, e consegue ser feliz com o que tem. Eu fui feliz com o que havia lá à minha disposição, durante os seis anos em que lá vivi. Comprei a maioria das minhas roupas da época em lojas locais. Quase sempre fazia compras nos hipermercados Rainha. Por vezes, jantei com meu bem e com meus amigos a melhor pizza da região, no Flana's, na Praça do Arco. Por vezes, confraternizamos no Cícero's. Por vezes, fiz uns lanches mais simples como jantar no Lanche Bem e no Tonico's, ambos próximos à rotatória da avenida Pericentral, no reduto da comunidade universitária. Provei também do chocolate quente do Penerô Xerem e das massas do Banana's. Não podia deixar de lembrar das vezes em que subi à Serra da Meruoca para almoçar ou degustar o café colonial do Canto Mineiro, e, na volta, sempre captava imagens como estas, a seguir.




                     
                        A única coisa de que sinto falta em Sobral é de um aeroporto que funcione, que receba vôos domésticos regulares das principais companhias aéreas e que facilite o tráfego de pessoas e de mercadorias entre Fortaleza e Sobral, pois a comunicação terrestre entre as duas cidades já está bastante comprometida, e não há quem queira resolver o problema efetivamente, o que já motivou até um rali, como forma de protesto. A situação da BR 222 continua um tanto precária, embora uma parte da rodovia tenha sido restaurada. Parte das obras está sendo executada pela construtora Delta, empresa que está sendo investigada sob suspeita de envolvimento com o contraventor Carlinhos Cachoeira. Bem, Sobral, como a terceira maior cidade do Ceará, ao meu ver, precisa ter um aeroporto regional, como toda metrópole do interior. Se Juazeiro do Norte pode ter, por que Sobral não???


                        Os piores defeitos que vejo em Sobral residem no fato de haver muita bajulação, fofoca e especulação imobiliária. Sobre isso, vou deixar para comentar, noutra oportunidade.

                        Mais uma vez, vou encerrar a postagem, deixando um vídeo da canção "Lá no meu pé-de-serra", do velho Lua, na voz de Gilberto Gil, e também de "Deus e eu no sertão", de Victor e Léo, em homenagem às minhas princesas do Norte. Essa última também vai pro amigo Felipe, que cantou muito, quando ele estava apaixonado, há três anos, quando ainda morávamos e estudávamos em Sobral. Confesso que, por vezes, ao ouvir essa música, sinto vontade de chorar e de voltar correndo pros braços de uma morena.

                        Vou deixar também o vídeo de uma edição de 2011 do programa "UFC TV", transmitido pela TV Ceará, canal 5, afiliada da Rede Cultura em Fortaleza, que falava sobre a expansão da Universidade Federal do Ceará para o interior, inclusive Sobral.

                        Sugiro também que, depois, você se dirija ao link a seguir, para ver edição do programa "Globo Universidade", mostrando a minha escola de medicina em Sobral, em http://redeglobo.globo.com/globouniversidade/videos/t/edicoes/v/medicina-sobral-integra/2007417/. Eu não consegui embedar esse vídeo, tampouco baixá-lo.







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